terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

ETNIA AFRICANA - Feira de Saberes e Sabores.



INTRODUÇÃO

         África é o continente com a mais incrível história que conhecemos no mundo, comparável apenas à História da Ásia. É um continente em que os egípcios já tiveram uma época de dominação e que, mais tarde, viveu épocas e séculos frenéticos de colonização européia e independência dos mesmos. África é considerada como o continente onde os seres humanos nasceram; o continente que deu lugar ao primeiro homem, o Homo sapiens, há mais de 190.000 anos. Desde então, têm sido várias as civilizações que passaram ou foram assentadas nessa região. Este trabalho tem a função de desvendar a etnia, cultura e religiosidade de seus habitantes, a fim de elucidar o leitor a respeito da magia e diversidade presente na África.


II. O CONTINENTE AFRICANO
            A África é o território terrestre habitado há mais tempo, e supõe-se que foi neste continente que a espécie humana surgiu; os mais antigos fósseis de hominídeos encontrados na África (Tanzânia e Quênia) têm cerca de cinco milhões de anos. O Egito foi provavelmente o primeiro estado a constituir-se na África, há cerca de 5000 anos, mas muitos outros reinos ou cidades-estados se foram sucedendo neste continente, ao longo dos séculos (por exemplo, Axum, o Grande Zimbabwe). Para além disso, a África foi, desde a antiguidade, procurada por povos de outros continentes, que buscavam as suas riquezas. Tais como:
COLONIZADORES e  COLONIZADOS
Portugal: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Princípe.
Espanha: Marrocos, Saara Ocidental, Guiné Equatorial.
Reino Unido: Egipto, África do Sul, Rodésia (Zimbabwe), Zâmbia, Sudão, Botswana, Nigéria, Gana, Serra Leoa, Namíbia, Somaliland, Kénia, Tanzânia, Uganda, Malawi, Swaziland, Lesoto, Gâmbia, Senegal.
França: Argélia, Madagáscar, Marrocos, Mali, Mauritânia, Níger, Chade, Camarões Gabão, República Africana Central, Togo, Benin, Costa do Marfim, Burkina Faso, Guiné Conakri, Gâmbia, Tunísia, Comoros, Djibuti.
Itália:Líbia, Somália, Eritreia, Etiópia.
Holanda: África do Sul, Gana.
Alemanha: Namíbia, Togo, Camarões, Tanzânia.
Bélgica: Congo, República Democrática do Congo, Ruanda, Burundi.


III. DADOS GEOGRAFICOS
         O continente africano cobre uma área de 30 221 532 de quilômetros quadrados, um quinto da área terrestre da Terra, e possui mais de 50 países. Suas características geográficas são diversas e variam de tropical úmido ou floresta tropical, com chuvas de 250 a 380 centímetros a desertos. O monte Kilimanjaro (5895 metros de altitude) permanece coberto de neve durante todo o ano enquanto o Saara é o maior deserto da Terra. A África possui uma vegetação diversa, variando de savana, arbustos de deserto e uma variedade de vegetação crescente nas montanhas bem como nas florestas tropicais e tropófitas.

IV. ETNIA
Como a natureza, os atuais 922 011 000 habitantes da África evoluíram um ambiente cultural cheio de contrastes e que possui várias dimensões. As pessoas através do continente possuem diferenças marcantes sob qualquer comparação: falam um vasto número de diferentes línguas, praticam diferentes religiões, vivem em uma variedade de tipos de habitações e se envolvem em um amplo leque de atividades econômicas.
·      
 Tribos e Grupos Étnicos - A África é o lar de inumeráveis tribos ou grupos étnicos, alguns dos quais representando populações muito grandes, consistindo de milhões de pessoas; outras são grupos menores, de poucos milhares. Alguns países possuem mais de 70 diferentes grupos étnicos. Todas estas tribos e grupos possuem culturas que são diferentes, mas representam o mosaico da diversidade cultural africana. Estas tribos e grupos étnico/social incluem os Afar, Éwés, Amhara, Árabes, Ashantis, Bacongos, Bambaras, Bembas, Berberes, Bobo, Bubis, Bosquímanos, Chewas, Dogons, Fangs, Fons, Fulas, Hútus, Ibos, Iorubás, Kykuyus, Masais, Mandingos, Pigmeus, Samburus, Senufos, Tuaregues, Tútsis, Wolofes, Zulus e outros.
Exemplos:
ü  Zulu - é o maior grupo étnico na África do Sul, sendo a sua população de mais ou menos 11 milhões de pessoas   e eram considerados como cidadãos de terceira classe durante o regime do apartheid.
ü  Xhosa - é o segundo maior grupo étnico da África do Sul, contando com personalidades como Nelson Mandela;  A população Xhosa se concentra na região da Cidade do Cabo, a qual eles chamam de iKapa.
ü  Basotho - Os Basothos, ou basuto, vivem na região da África do Sul desde meados do século V em clãs dispersos, contando com uma população em torno de 3.5 milhões na África do Sul.
ü  Bapedi - Os Northern Sotho estão espalhados pelas províncias de Gauteng, Limpopo e Mpumalanga e contam com aproximadamente 4 milhões de pessoas. A grande maioria dos Bapedi encontra-se na província de Limpopo (± 2.6 milhões), sendo praticamente 50% da população local. Na região de Johannesburg são 1.5 milhões de pessoas, enquanto que em Mpumalanga são mais 350 mil.
ü  Venda - A etnia Venda conta com aproximadamente 1 milhão de pessoas espalhadas entre a África do Sul e o Zimbabwe. Este povo é originário do Congo, e se especula que imigrou para a região fronteiriça entre o Zimbabwe e a África do Sul seguindo o rio Limpopo durante a fase de expansão Bantu. 
ü  Swa na- etnia encontrada em sua grande maioria na África do Sul, em Botswana, e em pequenas proporções no Zimbabwe e Namibia. A população de Botswana é composta pela maioria de Tswanas, mas é na África do Sul que encontra-se o maior número absoluto desta etnia.
ü  Tsonga - Os Tsongas são encontrados na província de Limpopo (18% )  Mpumalanga (11%) e no sul de Moçambique, tanto na região de Gaza quanto de Maputo. 
ü  Swazi -  os Swazi possuem um estado independente encravado na África do Sul (Swazilandia). Contam com uma população total de 3.5 milhões de pessoas, sendo que mais ou menos 1 milhão habita a Swazilandia. 
ü  Ndebele - etnia que conta com uma população em torno de 700 mil pessoas, concentradas em sua maioria na região de Pretoria (Gauteng). Como para outras etnias, esta durante o regime do apartheid possuía um estado autônomo no que hoje é parte da província de Mpumalanga. 

V. RELIGIÃO
            Os africanos prezam muito a moral e acreditam até que esta é bem semelhante à religião. Acreditam também que o homem precisa respeitar a natureza, a vida e os outros homens para que não sejam punidos pelos espíritos com secas, enchentes, doenças, pestes, morte etc. Não utilizavam textos e nem imagens para se basearem, mas fazem até hoje seus ritos a partir do conhecimento repassado através de gerações antigas.
            As religiões tradicionais africanas englobam manifestações culturais, religiosas, espirituais e indígenas no continente africano, há uma multiplicidade de religiões dentro destas categorias. De acordo com as pesquisas, o panorama da última década para a religião africana aponta os seguintes números:
'"Adesão Religiosa na África” (2006 estimativas)
Região
Total população (2006)
 %
Cristão
 % Muçulmano
 % Tradicional
 % Hindu
 % Bahai
 % Judeu
 % Agnóstico
 % Outros
 Central
118,735,099
81.25%
9.64%
7.98%
0.1%
0.38%
0.0%
0.57%
0.19%
África Oriental
302,636,533
63.87%
21.83%
13.09%
0.49%
0.35%
0.0%
0.0%
0.44%
Norte da África
209,948,396
9.0%
87.6%
2.2%
0.0%
0.0%
0.0%
1.1%
0.1%
África Austral
50,619,998
82.0%
2.2%
9.7%
2.1%
0.7%
0.1%
2.7%
0.3%
África Ocidental
274,271,145
35.70%
48.13%
15.73%
0.0%
0.07%
0.0%
0.31%
0.06%

VI. HERANÇA CULTURAL

·      CULTURA POPULAR - Reflete a sua antiga história e é tão diversificada como foi o seu ambiente natural ao longo dos milênios. As antigas sabedorias dos povos africanos vêm sendo contadas de boca em boca por sucessivas gerações, ou cantadas em praça pública, percorrendo as diferentes paisagens do continente; contribuindo para conservar e transmitir a memória oral ensinada como lições de vida às gerações mais novas.
 *A Cultura Popular da África Subdivide-se em:
  
1.      LENDAS E CONTOS AFRICANOS - São histórias de caçadores e agricultores, bruxas e feiticeiros, reis e princesas, heróis que atravessam a mata para cumprir seus destinos. Essas histórias, lendas, danças, artes e maneira de viver foram e são até hoje repassadas de geração em geração com o propósito de transmitir aos mais jovens, valores fundamentais, de respeito aos antepassados, à natureza, aos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, como pregavam os revolucionários da França de 1789 (Revolução Francesa) e principalmente manter viva a cultura africana mediante à tantas influências estrangeiras sofridas no decorrer dos séculos desde o descobrimento de seu continente até os dias atuais.  

As lendas mais contadas são : Oxalá,Ogum, Oxumaré, Jabulani E O Leão , Lenda De Oxum, A Dispersão Dos Macacos, Lenda Dos Orixás, Todos Dependem Da Boca, Conto Popular Da Guiné-Bissau.

Exemplos:

ü  Kiriku: A Lenda Do Bebê Guerreiro - fala de um menininho especial, que ajuda sua sociedade a se livrar de uma feiticeira. Nesse caminho ele descobre várias coisas sobre a vida e outras verdades sobre essa tal feiticeira. Além de sofrer com o preconceito das pessoas de sua sociedade, que mesmo sendo ajudada por ele, o discriminava. Esta história se passa em Senegal, na África.
            Kiriku é um menino que nasceu prematuramente, tão cedo que ninguém acreditou. Antes mesmo de nascer já se mostrou um menino muito inteligente, pois falava dentro da barriga de sua mãe. E após nascer, além de já falar, ele andava, era corajoso, ágil, engenhoso e muito inteligente, porém era pequenino (afinal, acabara de nascer). Ele queria salvar seu povo do domínio da feiticeira Karabá lutando contra ela. E com sua inteligência salvou as crianças todas as vezes que a feiticeira tentou levá-las. Kiriku encontrava a solução para seus problemas, muitas vezes em coisas simples como um espeto quente, que ele usou para furar o bicho que bebia e secava a água da fonte de seu povo, ou o chapéu que ele se escondeu para enganar a feiticeira Karabá, livrando seu tio da “morte”; entre outros. E com sua perspicácia lutou para alcançar seus objetivos.
            As crianças e as pessoas da aldeia discriminavam Kiriku porque ele era diferente e tinha qualidades especiais que outros não tinham, mas que eram vistas como esquisitices. Ele era inteligente, interessado, não tinha medo, encarava todos os problemas, corria atrás de soluções para seus problemas até resolvê-los, fazia o bem, pois queria ver todos do seu povo feliz e lutava para isso. Todas essas coisas, essas diferenças, fizeram com que ele fosse visto algumas vezes como um irresponsável, estranho (principalmente por ser muito pequeno), esquisito e sem os pés no chão.
            Karabá, a feiticeira, aos olhos de si mesma é uma rainha, toda poderosa, que deveria fazer os outros sofrerem como ela mesma sofria (com a dor do espinho enfiado em suas costas), por isso fazia com que as mulheres da aldeia lhe dessem todo o ouro que possuíam e todos seus bens. E o medo que o povo da aldeia tinha dela, fez com que eles acreditassem que ela matava os homens que vinham lutar com ela, e que ela secava o poço de água que os abastecia. Ela, por sua vez, não desmentiu e mesmo não sendo verdade ela afirmou a história para que todos tivessem medo dela e fizessem o que ela ordenava, o que a fazia sentir-se mais poderosa e inteligente.
Já aos olhos das mulheres da aldeia ela é uma pessoa má, que comeu (matou) seus maridos, é que tirava todos os seus bens (desde jóias até água, esta última essencial para a sobrevivência delas e de suas famílias) e é quem ameaçava a vida do resto de sua família, pelo menos a dos seus filhos que sobraram. Elas tinham inveja do poder que Karabá possuía. E para os homens da aldeia, Karabá é quem os causava atração, pois todos queriam ir ver a feiticeira. Por outro lado ela é também quem os causava medo, pois o povo achava que a feiticeira comia os homens (que iam atrás dela para lutar e livrar sua aldeia do poder da mesma).
            A mãe de Kiriku frente a si mesma é uma mulher sofrida que perdeu o marido, seus filhos e seus irmãos na guerra de seu povo contra a feiticeira Karabá. Também é a mãe que tem que educar seu filho, sozinha, e ajudá-lo a entender o mundo e a vida. Já frente às mulheres da aldeia, a mãe de Kiriku é quem não sabe educar o filho, a cega, que tem um filho esquisito. E frente à Kiriku, seu filho, a mãe é quem o apresenta ao mundo, quem apresenta o mundo e a vida para ele. Ela é sua professora, é quem o ajuda, quem o ama mais que tudo e incondicionalmente, é quem sabe verdadeiramente quem ele é (não só por aparência, mas por dentro, pela pessoa que ele é).

ü  A Lenda Do Tambor Africano: O  Sonho Dos Macaquinhos. - (conto africano que vem da Guiné Bissau). A lenda conta que na Guiné-Bissau que a primeira viagem à Lua foi feita por um macaquinho de nariz branco que queria trazê-la para a Terra. Vários macacos haviam tentado, mas nenhum conseguia alcançar a Lua. Certo dia, um deles teve a ideia de formar uma grande torre, em que um macaquinho escalaria o outro. E assim fizeram. Um foi montando nas costas do outro até conseguirem chegar à Lua. Mas, quando finalmente chegaram lá, a pilha de macacos se desequilibrou e desmoronou. O último macaquinho, porém, ficou pendurado na Lua, com medo de cair. Com pena, a Lua deu-lhe a mão para que ele subisse até ela. Eles rapidamente se entrosaram, e um gostou muito do outro.
Assim, o macaco de nariz branco ficou morando com a Lua, até que começou a sentir saudade de casa. Então, ele foi até ela e pediu para voltar ao seu país. A Lua permitiu, e deu-lhe de presente um tamborzinho. Ela amarrou o macaco e o presente em uma corda, por onde desceriam até chegar ao solo. Mas a Lua lhe fez um pedido: que ele tocasse o tamborzinho bem forte quando chegasse na Terra, para que ela, então, cortasse a corda. Mas ele só deveria tocar o instrumento quando estivesse seguro.
Porém, ao começar a descer, o macaquinho, curioso, não resistiu e começou a tocar o tambor. Pensando que o macaco já havia chegado, a Lua cortou a corda. O macaquinho despencou, se esborrachando no chão. Machucado, chamou uma moça que por ali passava e entregou-lhe o tamborzinho, pedindo que o entregasse aos homens de seu país. A moça o fez, e foi assim que, na África, começou-se a ouvir os primeiros toques do tambor.
2.      MITOLOGIA AFRICANA - A mitologia africana, hoje é conhecida como mitologia afro-brasileira, onde a mais conhecida é de Yoruba, onde se encontra a gênese de religiões como a Santeria, Cantimbó, Omulukó, Candomblé, Umbanda, Quimbanda e muitas mais... O que a todas é comum é o culto pelos orixás, o que diverge entre elas é a maneira de fazer esse culto.
    Os principais representantes dessa categoria são as Deusas e Orixás destacados abaixo:

- EXU : é o guardião dos templos, das casas, das cidades e das pessoas; serve de intermediário entre os homens e os deuses.
- OGUM : é o deus do ferro, senhor da guerra e dono das estradas, patrono das artes manuais; sua cor é o azul escuro.
- OXÓSSI: é o deus dos caçadores; veste-se de verde na Angola e de azul-claro no Ketu.
- OSSAIN : é o deus das plantas medicinais.
- ORANIAN: é o orixá famoso pelas suas numerosas conquistas, rei da terra.
- XANGÔ: senhor do fogo, é o deus justiceiro, o qual castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores; sua cor é o vermelho e o branco; esposo de Iansã, Oxum e Obá.
- IANSÃ: de temperamento ardente e impetuoso, guerreira, é a divindade dos ventos, das tempestades e do rio Níger; sua cor é o vermelho e o branco.
- OXUM: é a divindade do rio do mesmo nome; controla a fecundidade, daí por que as mulheres que desejam ter filho dirigem-se a ela.
- OBÁ: é a divindade do rio do mesmo nome; sua cor é o vermelho e o branco.
- IEMANJÁ: é a deusa do mar, das ondas turbulentas, símbolo da maternidade fecunda e nutritiva (mulher de Oxalá, também é chamada de Inaê, Oloxum ou Janaína); suas cores são o azul e o branco.
- OXUMARÉ: símbolo da riqueza, da continuidade e da permanência, é a serpente-arco-íris (é ao mesmo tempo macho e fêmea); ele transporta as águas da Terra para o Céu através do arco-íris; suas cores são o verde e o amarelo.
- OBALUAÊ: é o deus da varíola e das doenças contagiosas; pune os malfeitores e insolentes enviando-lhes a varíola; cura ou faz ficar doente (também chamado de Omulu); suas cores são o preto e o branco.
- NANÃ: é deusa das águas paradas dos lagos e lamacentas dos pântanos.
- OXALÁ: o grande orixá, o primeiro orixá criado por Olodumaré (conhecido também por "O Rei do Pano Branco"); patrono da fecundidade e da procriação; esposo de Yemanjá; sua cor é o branco.

 3.    DANÇAS, MÚSICAS E INSTRUMENTOS MUSICAIS:

     Desde a invasão dos colonizadores, tudo sofreu alterações na África, desde os nomes usados até a própria civilização, isso ocorreu pela permanência dos colonos desde a data do acontecimento até hoje, com a entrada de outras culturas.
  
     Danças - A dança originou-se na África como parte essencial da vida nas aldeias. Ela acentua a unidade entre seus membros, por isso é quase sempre uma atividade grupal. Em sua maioria, todos os homens, mulheres e crianças participam da dança, batem palmas ou formam círculos em volta dos bailarinos. Em ocasiões importantes, danças de rituais podem ser realizadas por bailarinos profissionais. Todos os acontecimentos da vida africana são comemorados com dança, nascimento, morte, plantio ou colheita; ela é a parte mais importante das festas realizadas para agradecer aos deuses uma colheita farta.
As danças africanas variam muito de região para região, mais a maioria delas tem certas características em comum. Os participantes geralmente dançam em filas ou em círculos, raramente dançam a sós ou em par. As danças chegam a apresentar algumas vezes até seis ritmos ao mesmo tempo e seus dançarinos podem usar máscaras ou enfeitar o corpo com tinta para tornar seus movimentos mais expressivos. As danças no Marrocos usam normalmente uma repetição e um constante crescimento da música e de movimentos, criando um efeito hipnótico no dançarino e no espectador. Entre elas destacam-se a Ahouach, Guedra.
Ao ritmo do Semba, Kuduro, Funaná, Puita, Sakiss, Marrabenta entre outros sons da música folclórica africana, são executadas pequenas coreografias que trabalham os movimentos da anca, o rebolar da bunda, e a facilidade de juntar a agilidade dos braços, pernas e cabeça, num só movimento culminando num trabalho de ritmo corporal.
Exemplos:

- GUEDRA: Dança de tribos berberes que vivem na fronteira do sul de Marrocos.
Uma fila de homens em vestes azuis ou brancas e turbantes pretos tocam tambor com uma forte batida enquanto as mulheres vestidas de azul, com cabelos presos no alto da cabeça, com jóias e coroadas de conchas, batem o ritmo com as mãos e B'Sharra, a grande dama do Guedra, saúda a areia, o céu e o vento, balançando seu corpo, abrindo os braços para abraçar a vastidão do deserto, movimentando as mãos e os dedos em delicados movimentos que simbolizam o amor, a paz e a benção.

-  SCHIKATT: Dança erótica e popular das mulheres marroquinas. Muitos movimentos têm origem nas danças orientais. Foi de uma combinação da influência árabe com o folclore berbere que nasceu esta dança. As dançarinas usam camadas de véus cobrindo o corpo, do pescoço ao tornozelo, e se enfeitam com muitas jóias; elas cantam, tocam instrumentos e batem palmas enquanto dançam. O schikatt tem um passo característico chamado rakza, quando a dançarina bate com os pés como na dança flamenca.

- GNAWA: A dança Gnawa celebra um ritual da seita de Sufi. Cada ritmo tem muitos significados simbólicos que vão de poderes curativos ao exorcismo. Uma cor específica é usada para cada dança, invocando o espírito da cerimônia, Hadra, o qual é trazido à terra de outro mundo etéreo. Dançarinos usam roupas brancas e chapéus pretos pesadamente enfeitados com conchas, contas, mágicos talismãs e amuletos. Em pé em linha ou círculo, os músicos mantêm o ritmo com tambores ou batendo palmas enquanto dançarinos executam danças acrobáticas.

-  AHOUACH: Dança coletiva com ritmo berbere; executada por aldeões do centro e do sul das Montanhas Atlas, dançam tocando instrumentos circulares feitos de pele de cabra.
Um homem chamado Raiss guia os homens da vila que tocam seus tambores, e algumas vezes flautas, enquanto rapazes e moças solteiras dançam o Ahouch frente a frente. Segurando as mãos, os dançarinos em linha sacodem seus corpos, balançando pesadas jóias de prata e âmbar, as quais, através dos movimentos, fazem um outro tipo de ritmo.
Esta dança tem como objetivo a unidade do povo. Para participar, todos devem saber a coreografia e executá-la com perfeição.

-  A CAPOEIRA - É uma luta disfarçada em dança, criada pelos escravos (trazidos da África para o Brasil pelo navio negreiro). Na época da escravidão toda cultura negra era reprimida principalmente se tivesse uma conotação de luta, então para poder ser disfarçada a sua prática entre os negros, foi adicionado os instrumentos musicais que deram uma imagem de dança a Capoeira.

- A Música - Apoiada na ancestralidade, permeia dos batuques ao ritmo popular Kuduru, Zouk, estilos que movem a realidade cultural africana. Uma descrição geral da chamada música africana não seria possível dada à quantidade e variedade de expressões. A música popular da África é vasta e variada. A maioria dos gêneros contemporâneos de música popular africana baseada na polinização cruzada com a música popular ocidental. Muitos gêneros de música popular como blues, jazz, salsa e rumba derivam em diversos graus das musicas tradicionais da África, levadas para as Américas por escravos africanos. Alguns exemplos de gêneros musicais: Afrobeat, Apala, Cape Jazz, Fuji, Kuduro, Sega, Sakara.

- Instrumentos Musicais – As principais características dos africanos são a musicalidade e suas danças compostas por diferentes ritmos e instrumentos. A criatividade proporcionou a criação de vários instrumentos musicais, entre eles podemos destacar:
- AFOXÉ – é um instrumento musical de percussão formado por uma cabaça redonda coberta por uma rede de bolinhas ao redor de seu corpo. O som é produzido quando se giram as bolinhas em um sentido, e o cabo no sentido oposto. É um instrumento musical muito utilizado nos rituais de umbanda e pelos grupos de samba e reggae.
- AGOGÔ - Instrumento musical de percussão  de origem africana composto de um pequeno arco, uma alça de metal com um cone metálico em cada uma das pontas. Estes cones são de tamanhos diferentes, portanto produzindo sons diferentes que também são produzidos com o auxílio de um ferrinho que é batido nos cones. Também faz parte da "BATERIA" da roda de capoeira. O termo agogô pertence à língua nagô e vem do vocábulo agogô, que quer dizer sino.
- O BONGÔ - Africano Artesanal é  um instrumento musical do tipo membra-fone  composto por dois pequenos tambores unidos entre si. Em sua forma moderna,  no final do  século XIX chegou a Cuba, sendo tocado nos bailes de salsa.            
- GANZÁ (reco-reco do Brasil) - O  ganzá  é  um  dos  instrumentos  mais  conhecidos  de origem  africana. É feito de madeira ou bambu com  ranhuras transversais que são friccionados por uma vareta. O som é obtido através da raspagem de uma baqueta sobre as ranhuras transversais.
-  BERIMBAU – é um instrumento de corda usado para fazer percussão na capoeira. É um arco feito de uma vara de madeira, de comprimento aproximado de 1,20m a 1,60m, e um fio de aço (arame) preso nas extremidades da vara. Em uma das extremidades do arco é fixada uma cabaça que funciona como caixa de ressonância. Para a realização do som, é necessária a utilização de uma pedra ou moeda, vareta e caxixi.
- O CAXIXI - É um instrumento idiofone (o som é provocado pela  vibração) do tipo  chocalho,   originário da  Região do Congo-Angola, África.  Tem o formato de um pequeno cesto de palha  trançada, em forma de  campânula.  Pode ter vários tamanhos e ser simples, duplo ou triplo. A abertura é fechada por uma rodela de cabaça.  Tem uma alça no vértice. Possui pedaços de acrílico, arroz ou   sementes   secas na parte interna   para  emitir os sons. É usado principalmente como complemento do berimbau.  
- CUÍCA – Consiste numa espécie de tambor com uma haste de madeira presa no centro da membrana de couro, pelo lado interno. O polegar, o indicador e o dedo médio seguram a haste no interior do instrumento com um pedaço de pano úmido, os ritmos são articulados pelo deslizamento deste tecido ao longo do bambu. A outra mão segura a cuíca e com os dedos exerce uma pressão na pele. Quanto mais forte a haste for segurada e mais pressão for aplicada na pele, mais altos serão os tons obtidos.
- KORA – Instrumento musical formado por 21 cordas. Tem uma caixa de ressonância feita de cabaça e suas cordas eram originalmente feitas de pele de antílope. O instrumentista usa somente o polegar e o indicador de ambas as mãos para dedilhar as cordas da Kora, sendo que os dedos restantes seguram o instrumento. O som produzido pela kora é semelhante ao da harpa.
- TAMBORES – São os principais instrumentos musicais africanos. Existem dos mais variados formatos, tamanhos e elementos decorativos. É um objeto musical de percussão, é oco e feito de bambu ou madeira. Além de sua utilização nos eventos festivos, os tambores eram uma forma de comunicação entre comunidades distantes, em razão de sua forte potência sonora.
  
  4.  TRAJES AFRICANOS - São marcas da identidade de cada grupo. Os povos do continente africano costumam usar trajes, pinturas corporais, tecidos e adornos, conforme as identidades de seus devidos grupos. Geralmente as pinturas são usadas em cerimônias, para enfeitar o corpo ou para exibir o estilo de sua tribo, todas as pinturas tem um significado diferente. 
A vestimenta africana tradicional é o traje usado pelos povos nativos do continente, por vezes substituída por roupas ocidentais introduzidas pelos colonizadores europeus.

  5. COMIDAS TÍPICAS - Cada país da África tem alimentos tradicionais muito distintos, que foram fortemente influenciados pelos países europeus que estavam eminentes em seu passado e também pelo comércio de escravos e alimentos indígenas. Ao longo dos anos, esses pratos foram se fundindo para criar refeições muito típicas que são apreciados por todas as pessoas.

Na África do Sul, por exemplo, povos indígenas vieram para trabalhar nas lavouras de cana de açúcar e trouxeram com eles seus conhecimentos de curries e especiarias. Hoje, todos os grupos culturais criam seus próprios pratos de curries.

- BOBOTIE - é outro prato muito famoso da África e é um curry  que tem suas origens em Cape Malay. Bobotie é um cozido de carne moída, pão, leite, cebola, castanhas, passas, damascos, curry, consumido com arroz amarelo, que é aromatizado com açafrão.  Atchar e sambals são condimentos para ir com pratos de curries. Sambals consistem de pepino, tomate, cebola e iogurte.
O povo Afrikaner criou uma série de pratos muito comuns que se tornaram favoritos com todos os grupos culturais. Leite azedo é uma especialidade onde o recheio é à base de leite e aromatizado com canela. A influência alemã é muito forte na Namíbia, onde as padarias e pastelarias alemães são muito comuns. A comida típica Sul-Africana também teve influência sobre os alimentos namibianos e alguns de seus pratos especiais são Biltong, carne de caça (Kudu, Springbok e Gemsbok) e Potjiekos.

- CERVEJA AFRICANA: A cerveja local é Tafel Windhoek Lager ou lager. Deuce M ou 2M é a cerveja local em Moçambique.
Em uma típica cozinha africana você encontra o fogão do lado de fora da casa, ou em uma construção separada dos quartos e salas. A comida típica encontrada nas mesas das famílias até hoje são as carnes com vegetais, fortemente temperadas em uma grande panela preta. A panela normalmente fica em cima de três pedras dispostas em triângulo, e o fogo consome lentamente três pedaços de madeira para cozinhar os alimentos.

- FUFU: Vegetais cozidos, como mandioca, inhame ou banana, que são trituradas em uma consistência de massa de pão e ingeridas em pequenas bolas com uma sopa de imersão ou molho.

- UGLAI E REPOLHO: Ugali (também chamado às vezes sima ou posho) é um produto de fubá presente em muitas refeições africanas, especialmente na África Oriental. Geralmente é feita a partir de farinha de milho (milho ou do solo) e água, e varia em consistência de papa de aveia ou massa.

- KITCHA FIT-FIT:  Um prato servido no café em Eritreia. Kitcha caber-Fit é uma combinação de um pão típico de Eritreia, kitcha e uma manteiga temperada, misturado com berbere (um tempero quente vermelho).

- COMIDA DA ETIÓPIA:. Cozinha Etíope e Eritreia Típicas: Injera (panqueca parecido com o pão) e vários tipos de wat (guisado).

-XALWO:  a versão somali de halva, é um ícone da gastronomia Somália. Xalwo ou halva é uma confecção popular servido em ocasiões especiais, como celebrações ou recepções de casamento. É feito de açúcar, amido de milho, cardamomo em pó, noz-moscada em pó, e ghee. Os amendoins são também muitas vezes adicionadas para melhorar a textura e sabor.

- COUCOUS: É um tradicional prato de semolina (minúsculos grãos de trigo duro), que é cozido a vapor. É tradicionalmente servido com um cozido de carne ou vegetais. Cuscuz é um alimento básico em toda a culinária do Norte Africano de Marrocos, Argélia, Tunísia, Mauritânia e Líbia.

- POTJIEKOS: é um guisado Afrikaner tradicional, feito com carne e legumes e cozida na brasa em panelas de ferro fundido.

- MAAFE OU AMENDOIM COZIDO: preparado por um cozinheiro senegalês. É um guisado ou molho (dependendo do teor de água) comum a grande parte da África Ocidental. Origina-se do povo Mandinka e Bambara do Mali. Variantes do prato aparecem na culinária de países em toda a África Ocidental e África Central.

- MOPANE WORM: uma grande e comestível lagarta, é muito popular no norte da Namíbia e alguns sul-africanos também comem vermes Mopane.



*Ingredientes Típicos Da Comida Africana:
Legumes
Carnes
Temperos e Especiarias


Batata doce, Quiabo, Melancia, Mandioca, Amendoins, Repolho


Frango, Carne de porco, Bife, Variedade de peixes locais.

Alho, Pimenta Melegueta – “West Africa”, Cravos-da-índia, Pimenta Preta, Cardamomo, Noz-Moscada,Curcuma, Caril em pó, Limão.



VII. ARTE AFRICANA 

A arte africana representa os usos e costumes das tribos africanas. O objeto de arte é funcional e expressam muita sensibilidade. Nas pinturas, assim como nas esculturas, a presença da figura humana identifica a preocupação com os valores étnicos, morais e religiosos. A escultura foi uma forma de arte muito utilizada pelos artistas africanos usando-se o ouro, bronze e marfim como matéria prima. Representando um disfarce para a incorporação dos espíritos e a possibilidade de adquirir forças mágicas, as máscaras têm um significado místico e importante na arte africana sendo usadas nos rituais e funerais. As máscaras são confeccionadas em barro, marfim, metais, mas o material mais utilizado é a madeira. Para estabelecer a purificação e a ligação com a entidade sagrada, são modeladas em segredo na selva. Madeira é um dos materiais preferidos. Ao trabalhá-la, o escultor associa outras técnicas (cestaria, pintura, colagem de tecidos, etc.).

As origens da história da arte africana está situada muito antes da história registrada. A arte africana em rocha no Saara, em Níger, conserva entalhes de 6000 anos.[1] As esculturas mais antigas conhecidas são dos Nok cultura da Nigéria,500 d.C.. Junto com a África Subsariana, as artes culturais das tribos ocidentais, artefatos do Egito antigo, e artesanatos indígenas do sul também contribuíram grandemente para a arte africana. Muitas vezes, representando a abundância da natureza circundante, a arte foi muitas vezes interpretações abstratas de animais, vida vegetal, ou desenhos naturais e formas. Métodos mais complexos de produção de arte foram desenvolvidos na África Subsaariana, por volta do século X, alguns dos mais notáveis avanços incluem o trabalho de bronze do Igbo Ukwu e a terracota e trabalhos em metal de Ife|Ile Ife fundição em bronze e , muitas vezes ornamentados com marfim e pedras preciosas, tornou-se altamente prestigiado, em grande parte da África Ocidental, às vezes sendo limitado ao trabalho dos artesãos e identificado com a Família real|realeza, como aconteceu com os Bronzes do Benim.

- A pintura - é empregada na decoração das paredes dos palácios reais, celeiros, das choupas sagradas. Seus motivos, muito variados, vão desde formas essencialmente geométricas até a reprodução de cenas de caça e guerra. Serve também para o acabamento das máscaras e para os adornos corporais.

- As Máscaras Africanas - As "máscaras" são as formas mais conhecidas da plástica africana. Constituem síntese de elementos simbólicos mais variados se convertendo em expressões da vontade criadora do africano. Foram os objetos que mais impressionaram os povos europeus desde as primeiras exposições em museus do Velho Mundo, através de milhares de peças saqueadas do patrimônio cultural da África, embora sem reconhecimento de seu significado simbólico. A máscara transforma o corpo do bailarino que conserva sua individualidade e, servindo-se dele como se fosse um suporte vivo e animado, encarna a outro ser; gênio, animal mítico que é representando assim momentaneamente. Uma máscara é um ser que protege quem a carrega. Está destinada a captar a força vital que escapa de um ser humano ou de um animal, no momento de sua morte. A energia captada na máscara é controlada e posteriormente redistribuída em benefício da coletividade. Como exemplo dessas máscaras destacamos: as Epa e as Gueledeé ou Gelede.

 - Esculturas em Madeira - A escultura em madeira é a fabricação de múltiplas figuras que servem de atributo às divindades, podendo ser cabeças de animais, figuras alusivas a acontecimentos, fatos circunstanciais pessoais que o homem coloca frente às forças. Existem também objetos que denotam poder, como insígnias, espadas e lanças com ricas esculturas em madeira recoberta por lâminas de ouro sempre denotando um motivo alusivo à figura dos dignitários. Os utensílios de uso cotidiano, portas e portais para suas casas, cadeiras e utensílios diversos sempre repetindo os mesmo desenhos estilísticos.

- Esculturas em outros materiais - Além das esculturas em madeira existem os objetos confeccionados com fragmentos de vidro(apesar de estes serem raros) das mais variadas cores, colocados em gorros, possuindo uma gama de figuras humanas e de animais, feitas com fio de algodão que passam por todo o tecido, colocados sempre em combinação vertical. As pedras podem ser alternadas porCowrys, canudilhos metálicos ou de seda e algodão. 

VIII- CONCLUSÃO

O Continente africano vive em pauta na mídia e, na maioria das vezes, por seus problemas sociais, econômicos, políticos, conflitos entre grupos separatistas, diversas doenças, entre outros aspectos negativos. No entanto, pouco se destaca sobre a pluralidade cultural que o povo desse continente apresenta, contribuindo com elementos culturais em várias outras nações do mundo, e fortemente ligados ao Brasil.
A África é um continente de grande diversidade cultural que se vê fortemente ligada à cultura brasileira. Sua influência na formação do povo brasileiro é vista até os dias atuais. Apesar do primeiro contato africano com os brasileiros não ter sido satisfatório, esses nos transmitiram vários costumes.


IX- REFERÊNCIAS

http://www.portaldarte.com.br




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